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quarta-feira, 23 de junho de 2010

3º dia: congelando em Buenos Aires ...

É verdade que não estava nevando mas, quando acordamos e ligamos a TV, o noticiário informava: "El frio polar llego!!" quer dizer, o frio do pólo sul chegou!! A temperatura, continuava o repórter, estava 6 graus, porém com a sensação térmica de 4, devido ao ventinho que soprava! E que a mínima chegaria a 2 graus!!! Entretanto, como dizia minha bisavó, quem está na chuva é para se molhar... Então, fomos à luta: tomamos nosso café da manhã, nos agasalhamos bem e saímos. O plano era ir até o Unicenter, um shopping que fica distante do centro de BsAs a uma hora, de ônibus, e que é muito frequentado pelos locais, ou seja, poucos turistas. Já havíamos estado lá em outras oportunidades e, realmente, a quantidade de lojas, de produtos e seus preços agradáveis são um convite para visitá-lo. Existia um ônibus que fazia este translado, gratuitamente, mas não existe mais. Pensamos bastante e resolvemos que não iríamos mais lá, que iríamos passear ali pelo centro mesmo e, quem sabe, descobrir algo diferente do turismo tradicional que os brasileiros praticam aqui. Aliás, diga-se de passagem e, reiterando o que escrevi no dia de ontem, nossos compatriotas invadiram a cidade "com força". São grupos inconfundíveis de pessoas, compostos de senhores vestidos com seus paletós de couro e as senhoras com suas botas de cano longo, casacões e echarpes coloridas, além de muita maquiagem e sacolas de compras penduradas. E felizes, com seus sorrisos estampados no rosto e suas conversas sobre as taxas de conversão de dólares e/ou reais para pesos argentinos. Caminhamos bastante pelas ruas da redondeza onde estávamos hospedados: calle Florida, Corrientes, Lavalle... Todas tem muito comércio, para atender tanto aos muchachos como a nós, brasileiros, com muito ou pouco dinheiro no bolso e, principalmente, no que diz respeito a produtos de couro, souvenirs e roupas esportivas com motivos argentinos, nas cores azul claro e branca. Qualquer um pode se vestir, do boné ao calçado, passando pelas roupas íntimas e agasalhos, ostentando a representação da nação porteña. Lá pela uma da tarde e depois de alguns quilômetros de caminhada, fizemos nosso primeiro pit stop: paramos numa cafeteria e, já que o frio persistia e a fome dava sinais de vida, Mary e eu dividimos uma fatia de uma torta de legumes, ela pediu um chocolate quente e eu um espresso duplo. Aí, devidamente reabastecidos com o combustível necessário e suficiente para mais andanças, seguimos nossa meta, que era perambular mesmo. Na calle Lavalle nos deparamos com mais uma apresentação de tango, em torno da qual muitas pessoas param e admiram a música, os passos e rodopios da dança um tanto quanto "erótica" que as dançarinas e os dançarinos, vestidas com roupas bem características, exibem em plena calçada e arrecadam algum dinheiro dos transeuntes e fãs do gênero. Continuamos nossa caminhada e fomos até o fim da rua do nosso hotel, a Reconquista, na direção da Plaza San Martin. Em seu último trecho estão situados vários pubs, aqueles bares no estilo irlandês especializados em cerveja, mas que não fizemos uso já que, estando na Argentina, preferimos saborear um bom vinho! Num destes pubs, o "Porto Pirata", a fachada era a proa de uma embarcação viking, a decoração era típica e externamente vários bonecos, em tamanho real, retratavam os marinheiros daquela época, com suas vestimentas e seus rostos mau encarados. Resolvemos, dali, retornar ao hotel mas não sem antes, mais uma vez, sentarmo-nos em um café para recompor as energias e aquecer o corpo. Ao lado do hotel, coincidentemente, havia um e para lá nos dirigimos. Encarei outro espresso e outra dose do conhaque Reserva San Juan e Mary só aceitou uma água sem gás. Em seguida subimos para nosso quarto para descansar um pouco (vimos até um filme na TV, com as legendas em espanhol...). 7 da noite saímos para jantar. Escolhemos o "Arturito", que fica quase na esquina da Avenida 9 de julho com a Corrientes. Segundo as informações é um dos últimos representantes daqueles restaurantes tradicionais, históricos e onde, segundo uma resenha que encontrei na internet, "nada mudou nos últimos 30 anos...". Realmente pouquíssimas mudanças devem ter ocorrido, haja vista a fachada, a decoração interior, o balcão e o garçon. Como estava cedo, éramos os únicos lá dentro, além do caixa e do cozinheiro. Penso que, por este motivo, o garçon que nos atendeu (aliás o único por lá!), não estava com boa vontade, ou melhor, com nenhuma vontade de ser atencioso e gentil, como os que nos haviam atendido em todos os demais restaurantes até então. Trouxe-nos o cardápio e escolhemos: um "Nhoque a la napolitana" para Mary e um "Asado de Tira com papas espanholas" para mim. Este corte de carne é "tirado" (sem trocadilho...) da costela do boi como se fosse um bife grosso, cortado perpendicularmente aos ossos, bastante suculento e assado na grelha de carvão. As batatas eram fatias grossas, fritas. Ambos estavam saborosos. Acompanhamos a comida com um Colón Malbec, com uma ótima relação custo x benefício, e água mineral sem gás. Quem nos trouxe os pratos foi outro garçon, muito mais disposto que o primeiro, que puxou conversa conosco, o que nos levou a crer que nossa desconfiança estava correta: tínhamos chegado próximo à hora da troca de turno, por isso o mau humor (não seria o primeiro que ia receber a propina!). Para finalizar, cafés espressos e a conta: AR$125 + 15 da gorjeta. Na volta para o hotel, caminhando, paramos num kiosco e falamos, por telefone, com nossos filhos. Chegamos ao Reconquista Plaza Hotel, subimos, deitamos e dormimos.
Dica gastronômica: Arturito, Av. Corrientes 1124

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