Marcadores

terça-feira, 20 de julho de 2010

8º dia: Buenos Aires x Rio de Janeiro x Vitória

Ninguém merece ser acordado em Buenos Aires às 3 e meia da manhã, a não ser por um motivo muito especial. O nosso era embarcar às 6:55 h no vôo para o Brasil. Em função de estarmos em pleno "feriadão" de Corpus Cristhi, a opção que encontramos foi esta, já que todos os demais vôos estavam "lotados"! E, exatamente às 3:25 meu relógio de pulso acionou o alarme, um minuto depois foi a vez do celular e, em seguida, um telefonema da recepção do hotel. Então foi só mudar a roupa, escovar os dentes, pegar as malas e descer para o saguão, no segundo andar, e aguardar o transfer. O motorista chegou na hora marcada porém com um mau humor que eu nunca havia visto igual... Chamou pelo meu nome, entrou no elevador e desceu. Nós saimos rebocando nossas malas e pegamos outro elevador. Lá embaixo ele já estava na rua e andando rapidamente em direção à van, estacionada na primeira rua transversal. Alcançamos o veículo, meio que "bufando", e colocamos as malas no bagageiro. Paramos em outro hotel onde embarcaram nossa conhecidas cariocas de Angra dos Reis. Chegamos no Aeroparque e ainda era noite. Fizemos o check-in no balcão das Aerolíneas Argentinas, despachamos as malas, não sem antes perguntar para a atendente se podíamos colocar as seis caixas de alfajores dentro de uma das malas, se não iria dar excesso de peso: ela nos respondeu que não haveria problema. Então, menos uma sacola para carregar! Subimos para o saguão de embarques, onde tomamos nosso café da manhã: um espresso, um capuccinho e duas medialunas. No horário previsto, embarcamos. O vôo foi tranquilo, sem surpresas. Aterrissamos no Aeroporto Antônio Carlos Jobim, no Rio, antigamente chamado de Galeão, às 9:55 h e fomos direto pegar nossas malas, que chegaram (ufa!) intactas! Depois Mary entrou no free shop para comprar uma encomenda feita por uma das irmãs dela. Feito isso fomos procurar um balcão da GOL para tentarmos antecipar nosso horário de vôo para Vitória, que era às 16:22 h e partindo do Aeroporto Santos Dumont. Nos informaram que não haviam opções e que teríamos de aguardar aquele vôo mesmo... Saímos à procura, assim, do tal ônibus da GOL que faz o translado para o outro aeroporto e, mais uma vez, contatamos que ele não existe mesmo! Pegamos, então, o ônibus da Viação Real, como na ida, pagamos os R$5 cada um e, em meia hora, já estávamos desembarcando em nosso destino. E eram, ainda, 11 e meia da manhã! Tivemos a idéia de sair para almoçar fora e, para isso, tentamos armazenar nossas malas no serviço oferecido no aeroporto, que tem armários e um depósito, este utilizado para bagagens grandes. Como nossa mala maior não cabia num armário, o valor a ser pago seria muito alto, já que teríamos que dispender uma quantia por 24 horas de uso mas que, na realidade, usaríamos durante umas três horas somente. Desistimos... Subimos para a ala nova do aeroporto onde encontramos uma lanchonete e pedimos dois sanduiches preparados com pão árabe, presunto e queijo derretido. Tomamos uma cerveja Therezópolis Gold e depois mais uma, pois a sede estava grande e elas estavam geladinhas, no ponto! Razoavelmente alimentados, sentamos num grande e confortável sofá, disponível no mesmo saguão do segundo andar da ala nova, onde, além de descansar o corpo, podiamos desfrutar de uma vista do monte onde fica o Cristo Redentor, o qual estava encoberto por nuvens. E ali ficamos até chegar a hora de embarcarmos, por volta das 15:30h... Lemos, conversamos, cochilamos, até que chegou nossa vez: chamaram-nos para ir para bordo. Vôo tranquilo e, mais ou menos uns 50 minutos depois da decolagem, aterrissamos na ilha onde moramos e de onde planejaremos e de onde partiremos para realizarmos outras viagens para outros lugares, que é uma das coisas que mais gostamos de fazer. Até a próxima!

domingo, 18 de julho de 2010

7º dia: último em Ushuaia

Iniciamos hoje nossa viagem de volta ao Brasil. O transfer do hotel para o aeroporto local estava marcado para 13:00 h e o vôo para Buenos Aires para as 14:55 h. Com a manhã disponível resolvemos conhecer o "Glaciar La Martial", uma estação de esqui que ainda não estava funcionando neste inverno. Contratamos um "Remis", que é um sistema de táxi muito usual na Argentina. Os veículos não tem taxímetro mas as corridas são tabeladas e eles são associados a uma cooperativa ou algo similar, com rádio-chamada e controle. Pagamos AR$24 pela ida. Se quiséssemos que o motorista nos aguardasse pagaríamos mais uns pesos por minuto. Chegamos ao local em 15 minutos e, para sorte nossa e azar do motorista, furou um pneu exatamente no momento da chegada. A estação conta com várias pistas, este teleférico e dois restaurantes/cafeterias, só que tudo fechado. Ficamos uns 20 minutos ali e resolvemos retornar ao centro da cidade. Havia um turista num táxi e pedimos ao motorista para chamar um dos seus colegas para buscar-nos. O turista ofereceu-nos carona mas o motorista do táxi "convenceu-o" de que o outro táxi já estava vindo, que seria melhor não pegarmos a carona com ele e sim irmos no outro táxi... Agradecemos a oferta e ficamos esperando o outro chegar, o que não demorou nem 10 minutos. Neste táxi, o motorista, Lúcio, já tinha estado no Brasil e, muito falante, queria porque queria que nós o deixássemos levar-nos até o Cerro Castor, no Vale de Los Lobos, um passeio belíssimo, onde poderíamos ver uma criação de cães "huskies siberianos" , aqueles que puxam trenós, que fica a 40 minutos de onde estávamos. Ele insistiu muito para irmos lá, que "só" cobraria AR$200 (!) e que seria o melhor passeio de Ushuaia. E, ainda, que estaríamos no hotel, de volta, no horário do transfer. Agradecemos muito, apesar da insistência dele, que já estava ficando irritante, e pedimos para nos deixar no nas proximidades do Museu Marítimo. E assim foi feito, a contragosto do Lúcio! Descemos do automóvel e, caminhando naquela manhã fria pela Avenida San Martin, entramos numa cafetria, onde Mary tomou um chocolate quente e eu um espresso. Devidamente aquecidos, voltamos para nossa caminhada na avenida até a nossa já conhecida "Fiambreria e Vinoteca El Duende", onde encomendaríamos nosso lanchinho para fazermos antes de embarcar. Repetimos a dose do dia anterior, pedindo dois sanduiches de jamón y queso, tostados, só que, desta vez "para viagem", e duas cervejas Capehorn. Colocamos tudo dentro de uma sacola e seguimos para o hotel, onde nossas malas já nos aguardavam na recepção desde que fizemos o check-out, cujo horário máximo era às 10:00h. O transfer chegou exatamente no horário e fomos os únicos a bordo do veículo que nos deixou no aeroporto. Fizemos, então, nosso check-in no balcão da Austral, pagamos a taxa de embarque (AR$14 cada um - só em dinheiro, pesos argentinos ou dólares ou euros!), despachamos as malas e fomos para um cantinho do saguão a fim de "traçarmos" nossos sandubas. No caminho encontramos com as brasileiras de Angra dos Reis, que também embarcariam no mesmo vôo, e dei de presente para elas dois exemplares do meu livro "Histórias e receitas de uma Confraria (ainda) sem nome", as quais me agradeceram muito. Ao chegarmos ao aeroporto registramos uma última imagem de Ushuaia, com as montanhas ao fundo. No horário previsto embarcamos e, junto conosco, um grupo de adolescentes locais, que, pelo que entendemos, iriam para Buenos Aires participar de um jogo de futebol. Os meninos estavam acompanhados por um senhor, que poderia ser o treinador, sei lá! E eles estavam energizadíssimos, pois durante todo o vôo pertubaram um bocado. Eles davam tapas na cabeça uns dos outros, derramavam o açúcar servido em saquinhos na cabeça dos mais novos, levantavam, sentavam, mudavam de lugar, até que um menino que viajava ao lado de Mary e cujos pais estavam na classe executiva do avião, chamou a aeromoça e pediu providências, pois estava difícil de aguentar aquela "zona"... Ela veio, deu um corretivo verbal nos jovens e Mary aproveitou a ocasião e pediu para eles trocarem de fileira de poltronas: ela e o menino foram para mais atrás e os adolescentes mais para a frente. Mas as brincadeiras não cessaram de todo e fomos assim até Buenos Aires! Aterrissamos no Aeroparque e já havia uma van nos aguardando. As cariocas e mais um casal, este de Campos dos Goytacases, RJ, também foram junto conosco. Nós ficamos no Howard Johnson Plaza Hotel, situado na Calle Florida e os demais foram para outros hotéis. O casal de Campos nos disse que adora o Espírito santo, que sempre viajam para lá, principalmente para a região de montanhas, mais precisamente Pedra Azul, distrito do município de Domingos Martins. A entrada do hotel é meio estranha, pois fica no nível da rua, só que a recepção fica um pavimento acima. Então, pegamos o elevador e, aí sim, fizemos o check-in. O recepcionista nos informou a respeito do horário e do local do café da manhã, porém nosso vôo decola de BsAs às 4:55 da manhã (ninguém merece!) e alguém virá nos apanhar às 3:55 h (!!!). Então tínhamos que acordar e levantar por volta das três e meia da matina!!! E não havia café da manhã naquele horário... Subimos, deixamos a bagagem no quarto e partimos para a Falabella, uma enorme loja de departamentos, também na Florida, onde já havíamos estado anteriormente. Lá Mary comprou um edredon de pena de ganso por um preço imbatível, além de alguns "instrumentos" de cozinha. Continuamos andando até a Calle Lavalle, procurando um local para comermos algo. Entramos no Café, Pizza e Restaurant Los Imortales, o qual, segundo propaganda própria, tem la mejor pizza del microcentro. Por sinal, descobrimos que a Argentina é o segundo maior consumidor mundial de pizza, só perdendo para a Itália! Pelo interior do restaurante, a decoração, as mesas, pudemos confirmar que ela é realmente antiga. Estava "lotada" mas conseguimos logo uma mesa. Nos acomodamos e aguardamos o mozo (garçon) nos atender. Ele passou por nós umas cinco vezes, fingindo que não nos via, atendendo as mesas ao lado, até que nos trouxe o cardápio. Pedimos duas canecas de chopp (Isenbeck) e uma pizza mediana de mozzarela, tomates e azeitonas. Pedi mais um chopp e uma água tônica e o garçon nos trouxe um pratinho com fatias de massa assada de pizza, torradinha, como entrada. A pizza não demorou muito a chegar e estava muito saborosa. Comemos e, satisfeitos, pagamos a conta (AR$84+10%) e voltamos para o hotel. No caminho paramos num kiosco e compramos algumas caixas de alfajores, aqueles deliciosos sanduiches de biscoito recheados com o incomparável doce de leite argentino e cobertos com chocolate ou açúcar, para levarmos de presente. Chegamos no hotel, rearrumamos as malas e, depois de um banho, tentamos dormir. Coloquei o relógio para despertar às 3:25...

Dica gastronômica: Café, Pizza e Restaurant Los Imortales, Calle Lavalle, 746, Centro, Buenos Aires.

domingo, 4 de julho de 2010

6º dia: ainda em Ushuaia

Levantamos mais tarde, hoje, mais precisamente às 8:15 da manhã. O plano para este dia era conhecer mais a área central da cidade, a pé, prá variar... Logo que saimos do hotel, já clareando, fomos a um mirante que fica na primeira esquina a sua direita, onde fizemos alguns registros fotográficos. O mais interessante é o seguinte: fotografamos numa direção e vimos as montanhas cobertas de neve que circundam Ushuaia. Invertemos a direção e fotografamos o mar, ou melhor, o Canal de Beagle e seus barcos ancorados, tendo ao lado o pequeno porto, onde são movimentadas as mercadorias que se destinam à cidade, como, por exemplo, materiais de construção, alguns mantimentos e coisas do gênero. Combustíveis e gás de cozinha normalmente vem de caminhão! Também neste portinho ficam as embarcações turísticas, em sua grande maioria catamarãs, que fazem os passeios para se conhecer os leões marinhos e pinguins. Iniciamos nossa caminhada seguindo a primeira avenida paralela à do hotel, no sentido inverso ao do mar, quer dizer, na parte mais alta da cidade. No terceiro quarteirão encontramos um kiosco e fomos até ele para acessarmos a internet. Já havia alguns dias que não acessávamos nosso correio eletrônico e assim o fizemos. Sem novidades nos e-mails, seguimos em frente e entramos em outro supermercado, para especularmos. Lógico que eu fui direto para a seção de vinhos, onde comprovei que estava no lugar certo: bons exemplares de bons produtores das diversas castas e, melhor do que tudo, ótimos preços. Saimos conversando se seria uma boa idéia comprar algumas garrafas e levar para o Brasil, se não ia atrapalhar nossa viagem, se seria muito peso para carregar, etc. Não concluimos nada, até aquele momento. Descemos para a rua principal, fazendo uma pequena parada para fotografar o quartel das Forças Armadas instalado lá e seguir até o Museu Penitenciário, onde funcionava o presídio, antigamente. Dali seguimos rumo ao cais, ou seja, à Avenida Maipu, onde fizemos mais uma fotografia tradicional e inevitável, ao lado da placa com o nome da cidade. Seguimos adiante até uma loja e fábrica de chocolates "Laguna Negra" , da qual havíamos recebido 2 convites para saborear um chocolate quente. Com certeza o saboreamos, pois o friozinho convida a isso, e aproveitamos para adquirir algumas barrinhas para levar de lembrança para os filhos, genro e nora. Também compramos uns potinhos de geléia produzidas na região, com frutas de lá. Durante este tempo decidimos comprar os vinhos que havíamos visto no supermercado. O plano era adquirir uma bolsa de viagem, pequena, transferir para ela as roupas que ocupavam o lugar dos vinhos na mala menor que levamos, embrulhando os muito bem em outras peças de roupa, de maneira que não gerássemos excesso de peso quando embarcarmos de volta. Chocolates comprados, resolvemos voltar para o hotel mas, antes, demos uma entradinha no "Free Shopping" de Ushuaia. Para aqueles que ainda não sabem, a cidade é uma área "tax free", quer dizer, não há cobrança de impostos sobre produtos importados. A arquitetura do prédio até que é bem bonitinha, estilo gótico, mesmo. Mas o sortimento de produtos, sejam eletrônicos, vinhos e outros, assim como os preços, não são convidativos... Aproveitamos para registrar também, fotograficamente, outro exemplo da arquitetura local, a qual achamos muito interessante e que tem tudo a ver com o lugar: é um hotel com um restaurante aberto ao público no andar térreo. Seguindo a caminhada, passamos na "Vinoteca e Fiambreria El Duende", com um estoque muito bem suprido de queijos, embutidos e vinhos, onde pedimos para serem preparados dois sanduiches de jamón y queso, os quais, depois de "tostados", isto é, grelhados num forninho, foram devidamente degustados, acompanhados, é lógico, de uma cerveja local "Capehorn", bastante saborosa. Dali caminhamos, enfim, até o hotel. Depois de alguns minutos de descanso, resolvi ir à sauna. Já relaxado e com as forças recuperadas, deixei Mary tomando um salutar banho de banheira e saí para comprar a bolsa de mão. No percurso comprei, ainda, imãs de geladeira, "t-shirts" com estampas da arte indígena local para nossa filha e nosso genro e, ao passar por uma loja de cd's, me deparei com dois exemplares com músicas só dos Beatles tocadas por um grupo andino com seus instrumentos típicos, principalmente a flauta, cujo som é característico e inconfundível (custaram US$23, os dois - a loja não aceitava cartões nem reais, só pesos argentinos ou dólares americanos...). Voltei para o hotel e resolvemos sair para ir ao supermercado comprar os vinhos. Lá escolhi oito garrafas diferentes, entre malbecs e pinot noirs. Feliz da vida com a aquisição (tudo nos custou AR$300, quer dizer, R$150!), voltamos caminhado alegremente para o hotel, carregando nossas sacolas de compras. Chegando no quarto iniciamos a arrumação da mala, cuja largura, coincidentemente, é igual ao comprimento das garrafas! Foi só forrá-la com uma parte do casacão de Mary, enrolar cada garrafa em uma peça de calça e/ou camisa, colocá-las em duas camadas superpostas, as quais ocuparam quase 100% do espaço disponível, e cobri-las com a outra parte do casacão. Perfeito! Serviço de profissionais! Então só nos restou sair para jantar. No início do dia havíamos identificado um restaurante bem transado a dois quarteirões do hotel, chamado "Maria Lola" e para lá nos dirigimos. Não havia ainda ninguém, já que era cedo, por volta das 8 da noite. Os ambientes interno e externo são de muito bom gosto e o cardápio bem interessante. Mary pediu um "Bife a Chacarera", um suculento bife de contrafilé, muito macio, acompanhado por batatas fritas e champignos. Eu pedi um "Bife Clássico", também de contrafilé, "sangrando" e com pure de batatas, tubo muito gostoso. Harmonizamos com um "Pinot Noir Trumpeter 2008", espetacular. Para arrematar, espressos e a conta: AR$184 + 10%. Depois disso, hotel e cama...
Dica gastronômica: Maria Lola Restó, Av. Deloqui, 1048, Ushuaia (cozinha argentina contemporânea)

terça-feira, 29 de junho de 2010

5º dia: em Ushuaia, a "Tierra del Fin del Mundo"

Os dias clareiam tarde, aqui em em Ushuaia, nesta época do ano. Levantamos às 7 e meia e ainda estava escuro. Tomamos nosso café da manhã no hotel e ficamos aguardando a van que iria nos levar a um passeio pelo "Parque Nacional Tierra del Fuego", já incluido no pacote que compramos. A temperatura era de uns 6 graus e, mais ou menos às 9 horas, Evelyn,
a guia, e José, o motorista, chegaram a bordo de uma Hyundai para nos buscar. Dali seguimos até o Hotel Los Acebos, que fica na parte alta da cidade, para pegar mais alguns turistas que também iriam fazer o passeio. Lá embarcaram um casal de pombinhos em lua-de-mel, de Porto Rico, e duas amigas que moram em Angra dos
Reis, no estado do Rio de Janeiro. Para se alcançar o Parque a estrada sobe bastante e, assim, proporciona uma vista privilegiada da cidade, a qual não poderíamos deixar de registrar fotograficamente. Daqui de cima podemos vislumbrar muito melhor Ushuaia, cidade que hoje tem por volta de 60 mil habitantes e suas casinhas coloridas, sendo que as maiores construções possuem, no máximo, 5 pavimentos. As ruas tem um traçado planejado, são largas e bem pavimentadas em sua grande maioria. Continuando: a Evelyn é formada em Turismo e em Biologia e nos deu uma verdadeira "aula" sobre a história, a fauna e a flora da Patagônia. Durante a primeira parte do trajeto ela foi nos contando como esta região foi descoberta pelo navegador português Fernão de Magalhães que, procurando um caminho para as Índias, descobriu o estreito que então tem seu nome e que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. O termo "Tierra de los Fuegos" foi igualmente criação desse navegante, pois avistara em terra focos de fumaça, que era produzida pelos índios Yámanas, que habitavam toda a região e que não usavam vestimentas, apenas besuntava
m o corpo com óleo de leões marinhos que caçavam, além do fogo das fogueiras que os permitiam suportar o frio de alguns graus negativos. Eles viviam em pequenas cabanas de madeira e barro e, infelizmente, foram todos dizimados pelos colonizadores missionários anglicanos que, vendo-os cometer o "pecado" de andarem nus, os cobriram com suas roupasusadas e sujas, as quais serviram de vetores para doenças pulmonares, as quais os indígenas não
suportaram e vieram a falecer. De nossa excursão fazia parte um passeio no "Trem del Fin del Mundo", desde que pagássemos os tickets no valor de AR$90 por pessoa. E foi o que fizemos...
O embarque é feito na estação da "Ferrocarril Austral Fueguina" , onde se encontram souvenirs para comprar. Este trem, também conhecido como o "Tren dos Presos", faz parte da história da colonização de Ushuaia, já que a estrada de ferro foi construida pelos prisioneiros argentinos, levados para a região para erguer o próprio presídio, pois, por ser inóspita e de difícil acesso, os governantes deste país, lá pelo iníciol do século XX, acreditavam que dali eles não fugiriam. Os presidiários assentaram os trilhos, que na época eram de madeira, com a finalidade de transportar as toras das árvores que eram cortadas para as obras da colônia penal, que funcionou como tal até 1947. O trem é composto por uma pequena locomotiva movida a diesel e 5 vagões também pequenos, e aquecidos, senão ninguém aguenta... A viagem dura, aproximadamente, 1 hora e meia, com direito a uma parada para, além de tirar fotos, saborear um chocolate quente num vagão lanchonete estacionado no meio do percurso. Chegando ao final do trecho voltamos para a van e continuamos nossa aula/passeio. A Evelyn nos contou sobre os castores, animais roedores que foram trazidos do Canadá com o objetivo de usá-los para a obtenção da pele, muito valorizada e ótima para aquecer o frio. Só que esqueceram-se que na Patagônia eles não tem predadores naturais e, dos 25 casais "importados", hoje a população está estimada em 150.000 exemplares, que já se deslocaram até o Chile, também. O problema é que as barragens que eles engenhosamente constroem interrompem o fluxo natural das águas oriundas das geleiras e toda a área em torno fica alagada, ou seja, nenhuma árvore se desenvolve mais e acabam morrendo as florestas. Seguindo a viagem fomos até o final da Ruta 3, que é a estrada que percorre a Argentina de norte a sul. A parada seguinte foi na Bahia Lapataia, onde de um lado da montanha estamos na argentina e, se a cruzarmos, estamos no Chile. A foto, ao lado da placa indicativa, é tradicional e indispensável... Mais alguns quilômetros e chegamos até ao "Lago Acigami" e posteriormente à sede administrativa do parque, onde existe uma cafeteria, um museu, que conta a história dos aborígenes que habitavam a região utilizando fotos e maquetes muito bem produzidas, além de um varandão, no terceiro pavimento, o qual serve como "observatório de pássaros". No momento em que partimos pousou no parapeito do observatório um enorme, cujo nome é CHIMANGO e, acho eu, deve ser parente da águia... Também quem veio nos fazer companhia foi um casal de coelhos, que chegou junto a nós querendo comida. É que alguns turistas desavisados os acostumaram mal, alimentando-os, o que não é recomendável. E agora pensam que todo mundo que chega ali está trazendo alguma guloseima para eles! E assim encerramos nosso tour e voltamos para o hotel. Logo depois de chegarmos a ele resolvemos perambular mais um pouco pelo centro da cidade. O comércio em Ushuaia funciona da seguinte maneira: abre às 9 da manhã e fecha às 13 para almoço e siesta (isso mesmo, para aquela "soneca" depois da refeição...). Então reabrem às 16 e fecham, definitivamente, às 21 (algumas às 22 horas). Visitamos um supermercado e descobrimos que o leite e a carne são mais caros que no Brasil! Entretanto, o vinho NÃO! Fizemos um pit stop numa lanchonete na Av. San Martin, onde eu comi umas empanadas fritas, muito saborosas, e Mary um cone de papas fritas, tudo isso acompanhado por duas versões da cerveja local BEAGLE, uma ALE e outra RED ALE, "no jeito"! Aproveitei para perguntar ã garçonete onde poderíamos comer um bom cordero patagônico em Ushuaia. Ela foi perguntar ao cozinheiro e este recomendou o "La Rueda", mas este eu já havia observado que estava fechado para reformas. Então ele nos indicou o "La Estância", na Avenida San Martin. Retornamos ao hotel, descansamos um pouco e saimos para jantar. Entramos no restaurante recomendado, sentamo-nos e o garçon, Pedro, nos trouxe o cardápio e o couvert. Observei que só era servido, ali, o cordero assado na brasa, e não era o que eu tinha em mente para saborear. Nos levantamos, agradecemos muito a atenção e solicitamos alguma indicação onde houvesse outras opções de preparações do cordeiro. Ele conversou com o gerente e este nos falou sobre o "Bodegón Fueguino" , explicando-nos exatamente onde ficava. Mais uma vez agradecemos e partimos para lá. É um restaurante muito bem arrumado, cujo proprietário, Xavier, muito simpático, já esteve no Brasil, em Maceió, Natal e São Miguel de Bonito. Fomos atendidos pela Karen e Mary pediu um "Cordero y vegetales", que vem guisado em um molho muito saboroso e sobre uma "cama" de legumes cortados à julienne, "puxados" no molho shoyo. Eu fui de "Cordero com molho de vinho y papas espanholas", também guisado com um molho especial e as batatas, cortadas em cubos, eram fritas e crocantes. Harmonizamos estes pedidos, acertadamente, com um "Malbec Newen 2008", da região. Fica aqui um registro: Mary parabenizou a Karen, a qual nos estava atendendo. Ela foi a única pessoa que, até o presente momento, perguntou a nós dois quem iria provar o vinho, eu ou Mary... Sem "feminismos", por favor! E, para encerrar, um espresso só para mim. E a conta: AR$173 + 10%. Um detalhe: este restaurante fica em frente a um totem onde estão indicadas as distâncias daqui para várias cidades do mundo inteiro e onde uma foto é OBRIGATÓRIA! Depois de bem alimentados e um pouco cansados, restou-nos caminhar até o hotel e dormir...

Dica gastronômica: Bodegón Fueguino Restaurante, Av. San Martin, 859, Ushuaia (cozinha local, cordero)