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terça-feira, 29 de junho de 2010

5º dia: em Ushuaia, a "Tierra del Fin del Mundo"

Os dias clareiam tarde, aqui em em Ushuaia, nesta época do ano. Levantamos às 7 e meia e ainda estava escuro. Tomamos nosso café da manhã no hotel e ficamos aguardando a van que iria nos levar a um passeio pelo "Parque Nacional Tierra del Fuego", já incluido no pacote que compramos. A temperatura era de uns 6 graus e, mais ou menos às 9 horas, Evelyn,
a guia, e José, o motorista, chegaram a bordo de uma Hyundai para nos buscar. Dali seguimos até o Hotel Los Acebos, que fica na parte alta da cidade, para pegar mais alguns turistas que também iriam fazer o passeio. Lá embarcaram um casal de pombinhos em lua-de-mel, de Porto Rico, e duas amigas que moram em Angra dos
Reis, no estado do Rio de Janeiro. Para se alcançar o Parque a estrada sobe bastante e, assim, proporciona uma vista privilegiada da cidade, a qual não poderíamos deixar de registrar fotograficamente. Daqui de cima podemos vislumbrar muito melhor Ushuaia, cidade que hoje tem por volta de 60 mil habitantes e suas casinhas coloridas, sendo que as maiores construções possuem, no máximo, 5 pavimentos. As ruas tem um traçado planejado, são largas e bem pavimentadas em sua grande maioria. Continuando: a Evelyn é formada em Turismo e em Biologia e nos deu uma verdadeira "aula" sobre a história, a fauna e a flora da Patagônia. Durante a primeira parte do trajeto ela foi nos contando como esta região foi descoberta pelo navegador português Fernão de Magalhães que, procurando um caminho para as Índias, descobriu o estreito que então tem seu nome e que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. O termo "Tierra de los Fuegos" foi igualmente criação desse navegante, pois avistara em terra focos de fumaça, que era produzida pelos índios Yámanas, que habitavam toda a região e que não usavam vestimentas, apenas besuntava
m o corpo com óleo de leões marinhos que caçavam, além do fogo das fogueiras que os permitiam suportar o frio de alguns graus negativos. Eles viviam em pequenas cabanas de madeira e barro e, infelizmente, foram todos dizimados pelos colonizadores missionários anglicanos que, vendo-os cometer o "pecado" de andarem nus, os cobriram com suas roupasusadas e sujas, as quais serviram de vetores para doenças pulmonares, as quais os indígenas não
suportaram e vieram a falecer. De nossa excursão fazia parte um passeio no "Trem del Fin del Mundo", desde que pagássemos os tickets no valor de AR$90 por pessoa. E foi o que fizemos...
O embarque é feito na estação da "Ferrocarril Austral Fueguina" , onde se encontram souvenirs para comprar. Este trem, também conhecido como o "Tren dos Presos", faz parte da história da colonização de Ushuaia, já que a estrada de ferro foi construida pelos prisioneiros argentinos, levados para a região para erguer o próprio presídio, pois, por ser inóspita e de difícil acesso, os governantes deste país, lá pelo iníciol do século XX, acreditavam que dali eles não fugiriam. Os presidiários assentaram os trilhos, que na época eram de madeira, com a finalidade de transportar as toras das árvores que eram cortadas para as obras da colônia penal, que funcionou como tal até 1947. O trem é composto por uma pequena locomotiva movida a diesel e 5 vagões também pequenos, e aquecidos, senão ninguém aguenta... A viagem dura, aproximadamente, 1 hora e meia, com direito a uma parada para, além de tirar fotos, saborear um chocolate quente num vagão lanchonete estacionado no meio do percurso. Chegando ao final do trecho voltamos para a van e continuamos nossa aula/passeio. A Evelyn nos contou sobre os castores, animais roedores que foram trazidos do Canadá com o objetivo de usá-los para a obtenção da pele, muito valorizada e ótima para aquecer o frio. Só que esqueceram-se que na Patagônia eles não tem predadores naturais e, dos 25 casais "importados", hoje a população está estimada em 150.000 exemplares, que já se deslocaram até o Chile, também. O problema é que as barragens que eles engenhosamente constroem interrompem o fluxo natural das águas oriundas das geleiras e toda a área em torno fica alagada, ou seja, nenhuma árvore se desenvolve mais e acabam morrendo as florestas. Seguindo a viagem fomos até o final da Ruta 3, que é a estrada que percorre a Argentina de norte a sul. A parada seguinte foi na Bahia Lapataia, onde de um lado da montanha estamos na argentina e, se a cruzarmos, estamos no Chile. A foto, ao lado da placa indicativa, é tradicional e indispensável... Mais alguns quilômetros e chegamos até ao "Lago Acigami" e posteriormente à sede administrativa do parque, onde existe uma cafeteria, um museu, que conta a história dos aborígenes que habitavam a região utilizando fotos e maquetes muito bem produzidas, além de um varandão, no terceiro pavimento, o qual serve como "observatório de pássaros". No momento em que partimos pousou no parapeito do observatório um enorme, cujo nome é CHIMANGO e, acho eu, deve ser parente da águia... Também quem veio nos fazer companhia foi um casal de coelhos, que chegou junto a nós querendo comida. É que alguns turistas desavisados os acostumaram mal, alimentando-os, o que não é recomendável. E agora pensam que todo mundo que chega ali está trazendo alguma guloseima para eles! E assim encerramos nosso tour e voltamos para o hotel. Logo depois de chegarmos a ele resolvemos perambular mais um pouco pelo centro da cidade. O comércio em Ushuaia funciona da seguinte maneira: abre às 9 da manhã e fecha às 13 para almoço e siesta (isso mesmo, para aquela "soneca" depois da refeição...). Então reabrem às 16 e fecham, definitivamente, às 21 (algumas às 22 horas). Visitamos um supermercado e descobrimos que o leite e a carne são mais caros que no Brasil! Entretanto, o vinho NÃO! Fizemos um pit stop numa lanchonete na Av. San Martin, onde eu comi umas empanadas fritas, muito saborosas, e Mary um cone de papas fritas, tudo isso acompanhado por duas versões da cerveja local BEAGLE, uma ALE e outra RED ALE, "no jeito"! Aproveitei para perguntar ã garçonete onde poderíamos comer um bom cordero patagônico em Ushuaia. Ela foi perguntar ao cozinheiro e este recomendou o "La Rueda", mas este eu já havia observado que estava fechado para reformas. Então ele nos indicou o "La Estância", na Avenida San Martin. Retornamos ao hotel, descansamos um pouco e saimos para jantar. Entramos no restaurante recomendado, sentamo-nos e o garçon, Pedro, nos trouxe o cardápio e o couvert. Observei que só era servido, ali, o cordero assado na brasa, e não era o que eu tinha em mente para saborear. Nos levantamos, agradecemos muito a atenção e solicitamos alguma indicação onde houvesse outras opções de preparações do cordeiro. Ele conversou com o gerente e este nos falou sobre o "Bodegón Fueguino" , explicando-nos exatamente onde ficava. Mais uma vez agradecemos e partimos para lá. É um restaurante muito bem arrumado, cujo proprietário, Xavier, muito simpático, já esteve no Brasil, em Maceió, Natal e São Miguel de Bonito. Fomos atendidos pela Karen e Mary pediu um "Cordero y vegetales", que vem guisado em um molho muito saboroso e sobre uma "cama" de legumes cortados à julienne, "puxados" no molho shoyo. Eu fui de "Cordero com molho de vinho y papas espanholas", também guisado com um molho especial e as batatas, cortadas em cubos, eram fritas e crocantes. Harmonizamos estes pedidos, acertadamente, com um "Malbec Newen 2008", da região. Fica aqui um registro: Mary parabenizou a Karen, a qual nos estava atendendo. Ela foi a única pessoa que, até o presente momento, perguntou a nós dois quem iria provar o vinho, eu ou Mary... Sem "feminismos", por favor! E, para encerrar, um espresso só para mim. E a conta: AR$173 + 10%. Um detalhe: este restaurante fica em frente a um totem onde estão indicadas as distâncias daqui para várias cidades do mundo inteiro e onde uma foto é OBRIGATÓRIA! Depois de bem alimentados e um pouco cansados, restou-nos caminhar até o hotel e dormir...

Dica gastronômica: Bodegón Fueguino Restaurante, Av. San Martin, 859, Ushuaia (cozinha local, cordero)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

4º dia: Buenos Aires x Ushuaia

Hoje foi o dia de voarmos para Ushuaia. O horário do transfer para o Aeroparque era 14:00 h, no hotel. Tomamos nosso desayno, acabamos de arrumar nossas malas e descemos com elas, de maneira a deixá-las no depósito do hotel, que o recepcionista Fernando havia nos informado que estaria à disposição, até a hora de irmos para o aeroporto. Não estava muito frio, mais ou menos 14 graus. Resolvemos que íamos até o bairro de Palermo, usando o metrô (subte, como eles falam aqui). Fomos até a estação mais próxima, a de Lavalle, onde embarcamos. O ticket custa AR$1,10 por pessoa, para uma viagem. Depois de algumas baldeações, tomamos a linha verde até a estação Ministro Carranza, onde descemos. Dali chegamos até a Avenida Santa Fé, mais ou menos a uns 4 km do centro da cidade e do nosso hotel. Esta avenida possui um comércio muito ativo em toda sua extensão. Nela fica o Alto Palermo Shopping, um dos maiores e mais diversificados de Buenos Aires e onde a moda porteña está bem representada nas mãos de John L. Cook, Ona Saez, Kosyuko, Ayres, Akiabara, Prototype, entre outros. Como tínhamos tempo, seguimos andando avenida abaixo tranquilamente, observando a arquitetura local, os hermanos provavelmente se dirigindo aos seus locais de trabalho e o trânsito de veículos, também muito intenso. Cabe um destaque para os ônibus (buses), que, em sua grande maioria, são bem coloridos, não muito novos e "voam baixo", literalmente. De longe sabemos que um deles está chegando próximo a nós, porque possuem um sistema de freios a ar comprimido que fica "espirrando" constantemente, como se estivesse gripado... No caminho entramos numa casa de câmbio, onde troquei cem reais por pesos, recebendo AR$1,90 por R$1,00. Também neste trajeto consegui comprar uma garrafinha de Brandy, daquelas de bolso, de maneira a prevenirmo-nos quanto a uma ocasional onda de frio para encarar lá na Patagônia. Chegando ao centro fomos até a casa de câmbio ALHEC, na avenida Paraguay, onde Mary trocou alguns reais, só que estavam pagando AR$2,06 por R$1,00! Estava quase na hora do transfer chegar e a fome estava dando o ar da sua graça. Paramos, então, no Citybar, pertinho do hotel, e descobrimos que é um restaurantezinho onde os locais, aqueles que trabalham ali por perto em escritórios e lojas, fazem uma refeição ligeira, como, por exemplo, que vimos sendo servidos nas mesas, milanesas, parmentiers, etc. Pedimos duas empanadas de carne e duas de presunto e queijo e as saboreamos juntamente com uma cerveja Quilmes Cristal. Ótima pedida! E a conta: AR$25, com a gorjeta. O transfer foi britânico: às 13:55 estava no hotel para nos apanhar e já o aguardávamos no saguão. Foi só colocar as malas na van e seguir para o aeroporto. No caminho paramos em outros dois hotéis e um casal em cada um deles embarcou também. O segundo casal (olha só que luxo!) estava com uma menininha de uns 4 ou 5 anos de idade e sua babá! Assim é bem mais fácil viajar com crianças... Durante o percurso os casais foram conversando e contando seus passeios ao Tigre e aos shoppings bem como, obviamente, sobre suas compras. Apesar do trânsito meio caótico no centro da cidade, desembarcamos no Aeroparque menos de meia hora depois, pegamos nossas malas e fomos direto ao check-in da Austral, que é uma subsidiária das Aerolíneas Argentinas. Rapidamente nos desvencilhamos das bagagens, pegamos nossos boarding passes e nos dirigimos à sala de embarque. Passamos pelo aparelho de raio-X e, sem problemas, aguardamos chamarem nosso vôo. No horário previsto subimos a bordo e, precisamente às 16:05 LT, decolamos rumo a Ushuaia. A viagem durou 3 horas. Durante o vôo nos serviram um sanduiche frio de presunto e queijo que deixou a desejar... Mary tomou refrigerante e eu uma cerveja Isenbeck e um café. Às 19:15, quando aterrissamos, já estava escuro. É que, nesta época do ano, ou seja no inverno, os dias clareiam tarde e escurecem cedo. O aeroporto da cidade é novinho, construido com suas estruturas em madeira, bem funcional. O Juan Carlos, motorista da van que nos levaria até o hotel, estava nos aguardando. Falando um portunhol perfeito, fomos conversando até chegarmos ao centro, em dez minutos de viagem. Pedimos a ele umas recomendações de onde poderíamos jantar um bom pescado e ele nos forneceu algumas. Ele nos deixou no Hotel Fueguino (de Tierra del Fuego, entenderam?), que fica no início da segunda rua paralela à avenida que margeia o porto e a cidade, quer dizer, quase dentro do "burburinho"! Descíamos um quarteirão e estávamos na Avenida San Martin, onde estão localizadas as lojas, cafés, restaurantes e alguns hotéis: é a rua principal da cidade! O hotel não é muito grande, como tudo aqui em Ushuaia. É novo, o pessoal de atendimento é muito atencioso, tem sauna, sala de massagens e uma pequena academia de ginástica, isto tudo incluido no preço que pagamos. Nos acomodamos, deixamos as malas no quarto e saimos andando pela cidade, para o primeiro "reconhecimento" do terreno. A temperatura era de 7 graus mas não ventava: estava confortável, desde que agasalhados. Achamos um locutório e telefonamos para nossos filhos no Brasil. Seguindo uma das indicações do Juan Carlos, fomos jantar no restaurante "Tia Elvira", que fica na Avenida Maipú, que é a avenida "beira-porto", podemos assim dizer. Sentamo-nos perto da janela, onde pudemos apreciar o movimento de carros. O de pessoas, pelo menos nesta rua, era mínimo... Troxeram-nos uns pãesinhos e manteiga, os quais "devoramos". Mary foi de "Merluza ao gorgonzola", que era um filé gratinado com este queijo e champignons e estava uma delícia. Eu pedi uma "Merluza à Napolitana", também um filé gratinado com queijo e molho de tomates, muito saborosa. Acompanhamos tudo com uma garrafa do vinho branco "Vognier Finca la Linda", o qual harmonizou perfeitamente com os pratos. Finalizei com um espresso. A conta: AR$184, incluindo a propina. O final da noite não podia ser diferente: hotel e cama. No caminho entramos num kiosco e compramos água mineral (é sempre bom levar uma garrafa para o hotel, já que neles o preço é de "tirar o couro"...). Fazia mais frio porém o quarto do hotel era aquecido, até demais. O piso do banheiro também, o que era uma boa! De tão aquecido que estava o quarto, desliguei o aquecedor e abri um pouco a janela para amenizar a temperatura, pois estava ficando desconfortável. Melhorou... Fomos dormir, pois no dia seguinte, às 9 horas, vamos a uma excursão no Parque del Fin del Mundo. Boa noite!
Dicas gastronômicas:
- City Bar, Av. Reconquista, 650, Buenos Aires (almoços rápidos, empanadas, milanesas)
- Restaurante Tia Elvira, Av. Maipú, 349, Ushuaia (pescados, centollas, frutos do mar)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

3º dia: congelando em Buenos Aires ...

É verdade que não estava nevando mas, quando acordamos e ligamos a TV, o noticiário informava: "El frio polar llego!!" quer dizer, o frio do pólo sul chegou!! A temperatura, continuava o repórter, estava 6 graus, porém com a sensação térmica de 4, devido ao ventinho que soprava! E que a mínima chegaria a 2 graus!!! Entretanto, como dizia minha bisavó, quem está na chuva é para se molhar... Então, fomos à luta: tomamos nosso café da manhã, nos agasalhamos bem e saímos. O plano era ir até o Unicenter, um shopping que fica distante do centro de BsAs a uma hora, de ônibus, e que é muito frequentado pelos locais, ou seja, poucos turistas. Já havíamos estado lá em outras oportunidades e, realmente, a quantidade de lojas, de produtos e seus preços agradáveis são um convite para visitá-lo. Existia um ônibus que fazia este translado, gratuitamente, mas não existe mais. Pensamos bastante e resolvemos que não iríamos mais lá, que iríamos passear ali pelo centro mesmo e, quem sabe, descobrir algo diferente do turismo tradicional que os brasileiros praticam aqui. Aliás, diga-se de passagem e, reiterando o que escrevi no dia de ontem, nossos compatriotas invadiram a cidade "com força". São grupos inconfundíveis de pessoas, compostos de senhores vestidos com seus paletós de couro e as senhoras com suas botas de cano longo, casacões e echarpes coloridas, além de muita maquiagem e sacolas de compras penduradas. E felizes, com seus sorrisos estampados no rosto e suas conversas sobre as taxas de conversão de dólares e/ou reais para pesos argentinos. Caminhamos bastante pelas ruas da redondeza onde estávamos hospedados: calle Florida, Corrientes, Lavalle... Todas tem muito comércio, para atender tanto aos muchachos como a nós, brasileiros, com muito ou pouco dinheiro no bolso e, principalmente, no que diz respeito a produtos de couro, souvenirs e roupas esportivas com motivos argentinos, nas cores azul claro e branca. Qualquer um pode se vestir, do boné ao calçado, passando pelas roupas íntimas e agasalhos, ostentando a representação da nação porteña. Lá pela uma da tarde e depois de alguns quilômetros de caminhada, fizemos nosso primeiro pit stop: paramos numa cafeteria e, já que o frio persistia e a fome dava sinais de vida, Mary e eu dividimos uma fatia de uma torta de legumes, ela pediu um chocolate quente e eu um espresso duplo. Aí, devidamente reabastecidos com o combustível necessário e suficiente para mais andanças, seguimos nossa meta, que era perambular mesmo. Na calle Lavalle nos deparamos com mais uma apresentação de tango, em torno da qual muitas pessoas param e admiram a música, os passos e rodopios da dança um tanto quanto "erótica" que as dançarinas e os dançarinos, vestidas com roupas bem características, exibem em plena calçada e arrecadam algum dinheiro dos transeuntes e fãs do gênero. Continuamos nossa caminhada e fomos até o fim da rua do nosso hotel, a Reconquista, na direção da Plaza San Martin. Em seu último trecho estão situados vários pubs, aqueles bares no estilo irlandês especializados em cerveja, mas que não fizemos uso já que, estando na Argentina, preferimos saborear um bom vinho! Num destes pubs, o "Porto Pirata", a fachada era a proa de uma embarcação viking, a decoração era típica e externamente vários bonecos, em tamanho real, retratavam os marinheiros daquela época, com suas vestimentas e seus rostos mau encarados. Resolvemos, dali, retornar ao hotel mas não sem antes, mais uma vez, sentarmo-nos em um café para recompor as energias e aquecer o corpo. Ao lado do hotel, coincidentemente, havia um e para lá nos dirigimos. Encarei outro espresso e outra dose do conhaque Reserva San Juan e Mary só aceitou uma água sem gás. Em seguida subimos para nosso quarto para descansar um pouco (vimos até um filme na TV, com as legendas em espanhol...). 7 da noite saímos para jantar. Escolhemos o "Arturito", que fica quase na esquina da Avenida 9 de julho com a Corrientes. Segundo as informações é um dos últimos representantes daqueles restaurantes tradicionais, históricos e onde, segundo uma resenha que encontrei na internet, "nada mudou nos últimos 30 anos...". Realmente pouquíssimas mudanças devem ter ocorrido, haja vista a fachada, a decoração interior, o balcão e o garçon. Como estava cedo, éramos os únicos lá dentro, além do caixa e do cozinheiro. Penso que, por este motivo, o garçon que nos atendeu (aliás o único por lá!), não estava com boa vontade, ou melhor, com nenhuma vontade de ser atencioso e gentil, como os que nos haviam atendido em todos os demais restaurantes até então. Trouxe-nos o cardápio e escolhemos: um "Nhoque a la napolitana" para Mary e um "Asado de Tira com papas espanholas" para mim. Este corte de carne é "tirado" (sem trocadilho...) da costela do boi como se fosse um bife grosso, cortado perpendicularmente aos ossos, bastante suculento e assado na grelha de carvão. As batatas eram fatias grossas, fritas. Ambos estavam saborosos. Acompanhamos a comida com um Colón Malbec, com uma ótima relação custo x benefício, e água mineral sem gás. Quem nos trouxe os pratos foi outro garçon, muito mais disposto que o primeiro, que puxou conversa conosco, o que nos levou a crer que nossa desconfiança estava correta: tínhamos chegado próximo à hora da troca de turno, por isso o mau humor (não seria o primeiro que ia receber a propina!). Para finalizar, cafés espressos e a conta: AR$125 + 15 da gorjeta. Na volta para o hotel, caminhando, paramos num kiosco e falamos, por telefone, com nossos filhos. Chegamos ao Reconquista Plaza Hotel, subimos, deitamos e dormimos.
Dica gastronômica: Arturito, Av. Corrientes 1124

quarta-feira, 16 de junho de 2010

2º dia: Mi Buenos Aires querido!

Acordei às 4 e 25 da manhã com meu relógio de pulso tocando o alarme, já que esqueci de desligá-lo. Putz! Dormi de novo e, lá pelas 6 e meia, já estava definitivamente acordado. Era domingo, dia da Feira de Antiguidades de San Telmo, paraiso dos turistas... Descemos, tomamos nosso "desayuno" e saimos com o objetivo de passar a manhã perambulando por lá. Resolvemos que antes íamos conhecer o "Parque das Mujeres Argentinas", uma imensa área verde reserva biológica que está do outro lado do Puerto Madero, indo em direção ao Rio de La Plata. Atravessamos as dársena utilizando a "Puente de las Mujeres", uma verdadeira obra de arte da arquitetura porteña. Entre Puerto Madero e o Parque foi criado um bairro novo, cheio de grandes e elegantes empreendimentos imobiliários, sendo tanto moradias como escritórios e hotéis. Alguns bons restaurantes também já se instalaram nesta área, extremamente valorizada. Saimos do hotel, descemos a Avenida Paraguay e em meia hora alcançamos o calçadão que limita o Parque. Ainda era cedo e o movimento pequeno mas, pelo que pudemos depreender e pela quantidade de kioscos (umas barraquinhas que vendem choripan - parecido com nosso "pão com linguiça" além de outras preparações gastronômicas tradicionais, bem como cerveja e refrigerantes (gaseosas, em linguagem local) que existem por ali, a área deve "bombar" com gente aproveitando uma ensolarada manhã dominical para curtir um pouco da natureza. A temperatura estava baixa, em torno dos 12 graus, mas não desconfortável, desde que agasalhados. Dali seguimos caminhando até o bairro San Telmo, onde, tanto na Praça Dorrego como nas ruas adjacentes, estavam montadas as barraquinhas que vendem milhares de peças antigas, desde relógios, talheres e miniaturas de soldados de chumbo até panelas e móveis, além de artesanatos e bugingangas "made in China" também.... Chegando na "muvuca" que era a Feira fomos direto a um café antigo, inclusive a mobília, as louças e talheres e os garçons, em frente ao qual acontecem apresentações de tango que tanto enchem de orgulho do habitantes locais. Tomamos água e espressos e voltamos para a praça, onde encontramos dois casais de amigos que estavam por lá. Aliás, o que tinha de brasileiro em Buenos Aires não estava escrito. Escutamos a língua portuguesa sendo falada muitas e muitas vezes. O câmbio favorável e o feriadão literalmente empurraram nossos compatriotas rumo ao sul, mais específicamente para a capital argentina! Depois de rodar por todas as barraquinhas e comprar uma plaquinha de ágata onde está escrito "Pipiroom" e uma dúzia de lápis de cera fabricados com galhos de árvore, seguimos em frente. Neste trajeto encontramos com mais um casal de colegas brasileiros acompanhados da filha pequena (haja Brasil!). Paramos no Mercado de San Telmo, onde também podem ser encontrados muitos artigos do artesanato argentino, frutas e legumes, pães diversos, carnes e embutidos e, para não fugir à regra, brinquedos e gadgets produzidos na China e arredores. Fizemos mais um pit stop, desta vez num bar dentro do mercado, onde Mary saboreou um "submarino", que é uma xícara de leite quente com uma barra de chocolate dentro. Eu degustei uma dose do conhaque Reserva Don Juan , que ajudou a aquecer e restituir o ânimo depois de tanto que já havíamos andado. Recuperadas as energias, já eram quase 4 da tarde e lembramos que não havíamos comido nada depois do café da manhã. resolvemos ir a uma pizzaria e empanaderia recomendada por um colega e chamada El Cuartito, que fica situada na Calle Talcahuano 937, a segunda rua paralela à 9 de Julho em direção ao interior de Bs As. Conforme as informações recebidas, lá se prepara uma das melhores empanadas de todo o país, além das pizzas que são a "prata da casa". Enquanto caminhamos para achar um táxi, na Calle La Defensa estavam filmando um comercial de uma operadora de telefonia celular. Uma verdadeira multidão, a parafernália toda de equipamentos de iluminação, imagens e som, tomaram a rua. Pegamos um táxi perto da Plaza de Mayo e, 10 minutos depois chegamos à pizzaria (a corrida: 12 pesos!). Estava lotada e observamos muitas famílias, casais e pessoas de mais idade comendo pizzas e conversando muito e alto, como de praxe. Pedimos duas empanadas para cada um de nós, sendo uma de carne e uma de jamón e queso, quentinhas e crocantes, acompanhadas de uma cerveja Quilmes Bock, servida na temperatura correta. Era tudo que queríamos naquele momento! A conta? AR$26 + a "propina" (acho o preço da cerveja na Argentina muito alto. Esta que bebemos custou 20 pesos, ou seja, 10 reais! É muito!) Dali voltamos a pé para o hotel, umas dez quadras de caminhada a mais. Mary foi dormir um pouco e eu aproveitei para ir à sauna, disponível para todos os hóspedes. Ela fica no último pavimento do prédio e estava desligada. Telefonei para a recepção e perguntei se poderia usar. Si, claro! respondeu Fernando, o recepcionista: em media hora estará caliente! Meia hora depois voltei lá em cima e a dita cuja continuava fria. Liguei de novo para a recepção e reclamei que ainda estava fria, desligada! E o Fernado me questionou: o Sr. não a ligou? Quer dizer, eu é que tinha que ligá-la! Então liguei-a na temperatura máxima, voltei para o quarto e aguardei mais meia hora. Subi de novo e ela estava começando a esquentar. Fiquei lá dentro mais uma meia hora e desisti: a temperatura tinha subido mas não o suficiente para uma sauna! Fiquei decepcionado... Lá pelas 7 da noite saímos para jantar. Fomos a uma casa de carnes, a Buenos Aires Grill, na Av. Santa Fé. Bom serviço, preços razoáveis, mas nada de especial, principalmente tratando-se da terra da parrilla. De entrada pedimos mozzarella à milanesa, depois bife de chorizo com ensalada verde, um para nós dois. A metade, que está aqui na foto, eu pedi e veio "jugosa", quer dizer, "sangrando", mal passada. A outra metade Mary pediu ao ponto mas teve que voltar para a grelha já que ficou meio crua para o gosto dela. Na segunda tentativa eles acertaram. Tomamos um Malbec Don Felipe, água, espressos e eu, para arrematar, um conhaque Reserva Don Juan. A conta: AR$195 + 10% de gorjeta. Depois desta lauta refeição, só nos restava voltar para o hotel e cair na cama. Então foi o que fizemos. Caminhamos até ele, não sem antes passar pela frente do Teatro Colón, que acabou de ser todo reformado mas que, naquela noite, estava fechado. Ficou a visita ao teatro para uma próxima...
Dica gastronômica: El Cuartito, Av. Talcahuano 937, Centro (pizzas e empanadas)