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terça-feira, 29 de junho de 2010

5º dia: em Ushuaia, a "Tierra del Fin del Mundo"

Os dias clareiam tarde, aqui em em Ushuaia, nesta época do ano. Levantamos às 7 e meia e ainda estava escuro. Tomamos nosso café da manhã no hotel e ficamos aguardando a van que iria nos levar a um passeio pelo "Parque Nacional Tierra del Fuego", já incluido no pacote que compramos. A temperatura era de uns 6 graus e, mais ou menos às 9 horas, Evelyn,
a guia, e José, o motorista, chegaram a bordo de uma Hyundai para nos buscar. Dali seguimos até o Hotel Los Acebos, que fica na parte alta da cidade, para pegar mais alguns turistas que também iriam fazer o passeio. Lá embarcaram um casal de pombinhos em lua-de-mel, de Porto Rico, e duas amigas que moram em Angra dos
Reis, no estado do Rio de Janeiro. Para se alcançar o Parque a estrada sobe bastante e, assim, proporciona uma vista privilegiada da cidade, a qual não poderíamos deixar de registrar fotograficamente. Daqui de cima podemos vislumbrar muito melhor Ushuaia, cidade que hoje tem por volta de 60 mil habitantes e suas casinhas coloridas, sendo que as maiores construções possuem, no máximo, 5 pavimentos. As ruas tem um traçado planejado, são largas e bem pavimentadas em sua grande maioria. Continuando: a Evelyn é formada em Turismo e em Biologia e nos deu uma verdadeira "aula" sobre a história, a fauna e a flora da Patagônia. Durante a primeira parte do trajeto ela foi nos contando como esta região foi descoberta pelo navegador português Fernão de Magalhães que, procurando um caminho para as Índias, descobriu o estreito que então tem seu nome e que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. O termo "Tierra de los Fuegos" foi igualmente criação desse navegante, pois avistara em terra focos de fumaça, que era produzida pelos índios Yámanas, que habitavam toda a região e que não usavam vestimentas, apenas besuntava
m o corpo com óleo de leões marinhos que caçavam, além do fogo das fogueiras que os permitiam suportar o frio de alguns graus negativos. Eles viviam em pequenas cabanas de madeira e barro e, infelizmente, foram todos dizimados pelos colonizadores missionários anglicanos que, vendo-os cometer o "pecado" de andarem nus, os cobriram com suas roupasusadas e sujas, as quais serviram de vetores para doenças pulmonares, as quais os indígenas não
suportaram e vieram a falecer. De nossa excursão fazia parte um passeio no "Trem del Fin del Mundo", desde que pagássemos os tickets no valor de AR$90 por pessoa. E foi o que fizemos...
O embarque é feito na estação da "Ferrocarril Austral Fueguina" , onde se encontram souvenirs para comprar. Este trem, também conhecido como o "Tren dos Presos", faz parte da história da colonização de Ushuaia, já que a estrada de ferro foi construida pelos prisioneiros argentinos, levados para a região para erguer o próprio presídio, pois, por ser inóspita e de difícil acesso, os governantes deste país, lá pelo iníciol do século XX, acreditavam que dali eles não fugiriam. Os presidiários assentaram os trilhos, que na época eram de madeira, com a finalidade de transportar as toras das árvores que eram cortadas para as obras da colônia penal, que funcionou como tal até 1947. O trem é composto por uma pequena locomotiva movida a diesel e 5 vagões também pequenos, e aquecidos, senão ninguém aguenta... A viagem dura, aproximadamente, 1 hora e meia, com direito a uma parada para, além de tirar fotos, saborear um chocolate quente num vagão lanchonete estacionado no meio do percurso. Chegando ao final do trecho voltamos para a van e continuamos nossa aula/passeio. A Evelyn nos contou sobre os castores, animais roedores que foram trazidos do Canadá com o objetivo de usá-los para a obtenção da pele, muito valorizada e ótima para aquecer o frio. Só que esqueceram-se que na Patagônia eles não tem predadores naturais e, dos 25 casais "importados", hoje a população está estimada em 150.000 exemplares, que já se deslocaram até o Chile, também. O problema é que as barragens que eles engenhosamente constroem interrompem o fluxo natural das águas oriundas das geleiras e toda a área em torno fica alagada, ou seja, nenhuma árvore se desenvolve mais e acabam morrendo as florestas. Seguindo a viagem fomos até o final da Ruta 3, que é a estrada que percorre a Argentina de norte a sul. A parada seguinte foi na Bahia Lapataia, onde de um lado da montanha estamos na argentina e, se a cruzarmos, estamos no Chile. A foto, ao lado da placa indicativa, é tradicional e indispensável... Mais alguns quilômetros e chegamos até ao "Lago Acigami" e posteriormente à sede administrativa do parque, onde existe uma cafeteria, um museu, que conta a história dos aborígenes que habitavam a região utilizando fotos e maquetes muito bem produzidas, além de um varandão, no terceiro pavimento, o qual serve como "observatório de pássaros". No momento em que partimos pousou no parapeito do observatório um enorme, cujo nome é CHIMANGO e, acho eu, deve ser parente da águia... Também quem veio nos fazer companhia foi um casal de coelhos, que chegou junto a nós querendo comida. É que alguns turistas desavisados os acostumaram mal, alimentando-os, o que não é recomendável. E agora pensam que todo mundo que chega ali está trazendo alguma guloseima para eles! E assim encerramos nosso tour e voltamos para o hotel. Logo depois de chegarmos a ele resolvemos perambular mais um pouco pelo centro da cidade. O comércio em Ushuaia funciona da seguinte maneira: abre às 9 da manhã e fecha às 13 para almoço e siesta (isso mesmo, para aquela "soneca" depois da refeição...). Então reabrem às 16 e fecham, definitivamente, às 21 (algumas às 22 horas). Visitamos um supermercado e descobrimos que o leite e a carne são mais caros que no Brasil! Entretanto, o vinho NÃO! Fizemos um pit stop numa lanchonete na Av. San Martin, onde eu comi umas empanadas fritas, muito saborosas, e Mary um cone de papas fritas, tudo isso acompanhado por duas versões da cerveja local BEAGLE, uma ALE e outra RED ALE, "no jeito"! Aproveitei para perguntar ã garçonete onde poderíamos comer um bom cordero patagônico em Ushuaia. Ela foi perguntar ao cozinheiro e este recomendou o "La Rueda", mas este eu já havia observado que estava fechado para reformas. Então ele nos indicou o "La Estância", na Avenida San Martin. Retornamos ao hotel, descansamos um pouco e saimos para jantar. Entramos no restaurante recomendado, sentamo-nos e o garçon, Pedro, nos trouxe o cardápio e o couvert. Observei que só era servido, ali, o cordero assado na brasa, e não era o que eu tinha em mente para saborear. Nos levantamos, agradecemos muito a atenção e solicitamos alguma indicação onde houvesse outras opções de preparações do cordeiro. Ele conversou com o gerente e este nos falou sobre o "Bodegón Fueguino" , explicando-nos exatamente onde ficava. Mais uma vez agradecemos e partimos para lá. É um restaurante muito bem arrumado, cujo proprietário, Xavier, muito simpático, já esteve no Brasil, em Maceió, Natal e São Miguel de Bonito. Fomos atendidos pela Karen e Mary pediu um "Cordero y vegetales", que vem guisado em um molho muito saboroso e sobre uma "cama" de legumes cortados à julienne, "puxados" no molho shoyo. Eu fui de "Cordero com molho de vinho y papas espanholas", também guisado com um molho especial e as batatas, cortadas em cubos, eram fritas e crocantes. Harmonizamos estes pedidos, acertadamente, com um "Malbec Newen 2008", da região. Fica aqui um registro: Mary parabenizou a Karen, a qual nos estava atendendo. Ela foi a única pessoa que, até o presente momento, perguntou a nós dois quem iria provar o vinho, eu ou Mary... Sem "feminismos", por favor! E, para encerrar, um espresso só para mim. E a conta: AR$173 + 10%. Um detalhe: este restaurante fica em frente a um totem onde estão indicadas as distâncias daqui para várias cidades do mundo inteiro e onde uma foto é OBRIGATÓRIA! Depois de bem alimentados e um pouco cansados, restou-nos caminhar até o hotel e dormir...

Dica gastronômica: Bodegón Fueguino Restaurante, Av. San Martin, 859, Ushuaia (cozinha local, cordero)

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